Pais mandam embora de casa o filho adotivo depois de terem um filho biológico: "não me queriam mais"

por Roberta Freitas

26 Maio 2022

Pais mandam embora de casa o filho adotivo depois de terem um filho biológico: "não me queriam mais"
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Adoções são sempre um assunto muito delicado e caminhos difíceis de trilhar. Em alguns casos, todo o processo segue um caminho linear e contínuo, enquanto em outros as coisas se complicam e, principalmente para as crianças, se abrem capítulos difíceis de sua existência. Exatamente o que aconteceu com o garoto do qual estamos prestes a falar.

Hoje ele é um jovem de 30 anos de sucesso, mas seu passado não foi dos melhores, especialmente no que diz respeito à esfera ligada à sua adoção. Vamos juntos conhecer a sua história.

via Karlos Dillar

Karlos Dillard é um brilhante advogado e autor que, antes de alcançar a fama, passou por momentos muito difíceis. Um deles, que caracterizou a maior parte dos seus primeiros anos de vida, diz respeito ao acolhimento e à adoção.

Nascido em Detroit de pais humildes, o protagonista desta história viveu momentos ruins e traumáticos na infância. A falta de dinheiro e estabilidade favoreceram a entrada de Karlos e de seus 4 irmãos no sistema de adoção. A partir daí, segundo conta o jovem em várias entrevistas, não houve um único momento de paz para ele, pelo menos até atingir a maturidade.

"Foram anos muito difíceis para mim. Desde que os serviços sociais me levaram sob sua custódia, fui confiado a cerca de 30 famílias diferentes. - diz Karlos - fui uma criança especial, admito. As vicissitudes da minha jovem vida me fizeram criar traumas que afetaram meu comportamento e por isso não deu muito certo com a maioria dos meus pais adotivos".

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Thinking about my mommy today. Even with all of her flaws and mistakes in life she always apologized and found a way to...

Pubblicato da Karlos Dillard su Mercoledì 2 settembre 2020

As histórias do jovem revelam toda a dor que sentiu e, ao mesmo tempo, a necessidade de encontrar um ponto de apoio, uma tábua de salvação que teria parado o vórtice em que se encontrava. Aos 8 anos, parecia que esse ponto de apoio havia chegado.

Uma família para ele, dois pais prontos para cuidar de um filho infeliz e dar a ele todo o carinho necessário, pena que as coisas não correram bem. Para o casal de pais adotivos, a decisão veio na sequência de um trauma ligado à impossibilidade de ter filhos. Isso obviamente repercutiu na relação com Karlos e favoreceu uma atitude negativa em relação a ele. Comportamento que se agravou quando, alguns anos depois, a mãe adotiva conseguiu conceber um filho e se desvinculou completamente do nosso protagonista.

"Aos 15 anos eles me disseram que não me queriam mais e me expulsaram de casa. - diz Karlos - Eles tiveram seu filho biológico e eu era gay, uma afronta para dois pais religiosos e conservadores. Então comecei novamente a vagar de uma casa para outra e de um sofá para outro. Mas, apesar de tudo, não desisti e continuei vivendo, estudando e lentamente encontrei meu caminho e meu parceiro Kristopher".

Graças à ajuda de seu marido, Karlos conseguiu entrar em contato com sua mãe biológica e seus irmãos. Tudo o que ele viveu ao longo dos anos também foi devido aos erros de sua mãe, mas eles conseguiram esclarecer tudo e reencontrar uma serenidade perdida muitos anos antes. Infelizmente, porém, depois de alguns anos, sua mãe e irmã faleceram e ele perdeu duas pessoas muito importantes pela segunda vez. Mas, mesmo neste caso, não se deixou desanimar, pelo contrário, fez algo pelos outros também.

Karlos Dillard

Karlos Dillard

Para evitar que outras crianças vivenciem situações parecidas com a dele, reuniu suas memórias em um livro, Wards of the State: A Memoir of Foster Care, no qual fala sobre sua experiência e dá sugestões aos futuros pais adotivos sobre o que fazer ou não com um filho adotivo.

"Para mim foi difícil, mas quero falar de mim para dar esperança e iluminar o caminho de outra pessoa. - declarou Karlos - espero que todos, assistentes sociais e pais adotivos, entendam que é essencial antes de tudo ouvir as crianças. São elas a estarem em um momento de dificuldade e as suas palavras, o seu comportamento, não passam de pequenos e inofensivos pedidos de ajuda que nunca devem ser subestimados".

Parabéns pela força e coragem demonstrada por esse cara e, acima de tudo, obrigado por apontar o quão importante é nunca desistir.

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