“Eu não estava pronto para ser pai do meu pai”: as palavras de um filho que não aceita ver os pais envelhecerem
O tempo passa inexoravelmente, vai para frente e nunca para trás e nós, levados por nossa vida agitada, não percebemos o quão rápido passa, o quanto nos tornamos adultos em pouco tempo, o quanto em um piscar de olhos nós nos vemos nos transformando completamente. Se até ontem nos parecia que éramos ainda adolescentes que moravam na casa dos pais, num piscar de olhos nos tornamos pais de nossos próprios pais, que com o passar dos anos assumem cada vez mais mais o papel de "filhos para cuidar"...
via Clarìn
Uma reflexão universal que, no entanto, para muitos filhos adultos não é fácil de enfrentar; muitas dessas pessoas realmente lutam, pelo menos no início, para aceitar que o tempo passou tão rápido e que seus pais, que no início pareciam imortais, agora são idosos e precisam de cuidados, carinho, proximidade. Em última análise, ninguém está realmente preparado para cuidar dos pais. Uma reflexão que o psicólogo Alejandro Schujman quis estudar e colocar no papel graças aos muitos depoimentos de seus pacientes:
"Meu pai já está com 92 anos. Toda semana ele espera o domingo para "a história". Nós dois amamos o mundo da fantasia. Ele me ensinou a navegar nos universos de princesas, piratas, dragões, castelos, elfos e unicórnios. Mas meu herói mais fantástico sempre foi ele. Hoje ele não anda mais, mas espera como uma criança em sua cadeira de rodas para ser surpreendido. Cinquenta anos depois sou eu que invento as histórias. No começo fiquei triste, mas hoje me divirto e retribuo algo que ele me deu quando criança. Um ciclo está se fechando, lindo e triste ao mesmo tempo; como a própria vida, não é?"
As palavras desse psicólogo são comoventes porque sintetizam perfeitamente o que todos nós, filhos adultos, pensamos diante dos nossos pais idosos, forçados a uma cadeira de rodas, a uma cama, quando ainda temos na memória as mais belas recordações da nossa infância e de como a nossa mãe ou o nosso pai a tornaram mágica e inesquecível: “Os braços fortes que hoje nos embalaram tremem. Os olhares que hoje nos protegeram são rostos confusos e medrosos. Parte o meu coração vê-los tão frágeis, indefesos. Antes, meu meu pai me segurava em seus braços, ele era um carvalho, e agora é a minha vez, ele se tornou um boneco de porcelana. Não consigo me acostumar a vê-lo assim", continuou Schujman.
Palavras fortes e comoventes, que nos fazem derramar algumas lágrimas amargas; afinal, como também afirma esse psicólogo, ninguém está realmente preparado para se tornar um "pai de seus pais"; mas quando esse momento chegar, saberemos muito bem que um círculo está se fechando e outro se abrindo: devemos enfrentar essa nova fase com força e coragem, e retribuir aos nossos pais idosos todos aqueles beijos e carinhos que um dia nos deram.
Porque o amor pela mãe ou pelo pai, mesmo que sejam idosos, nunca acaba.