Irena Sadler, o anjo polonês que conseguiu salvar 2500 crianças judias

por Roberta Freitas

19 Fevereiro 2019

Irena Sadler, o anjo polonês que conseguiu salvar 2500 crianças judias
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A história está repleta de heróis, mas alguns não têm monumentos, ruas ou edifícios dedicados com o seu nome, e os livros falam pouco ou nada sobre eles. Mas isso não dá menos valor às suas ações, menos significado para suas vidas. Um desses heróis é Irena Sendler, também conhecida como "o anjo do gueto de Varsóvia". Enfermeira do Departamento de Assistência Social da capital polonesa, durante a invasão alemã, Irena salvou a vida de 2.500 crianças e impediu que elas terminassem em campos de concentração. Por quase meio século, seus feitos caíram no esquecimento, ignorados pela mídia e enterrados sob os anos do obscurantismo comunista. Em 1999, um grupo de estudantes americanos relatou sua história durante uma pesquisa sobre o Holocausto.

via lamenteesmaravillosa.com

Nieznany/Unknown/Wikimedia

Nieznany/Unknown/Wikimedia

Nascida em Varsóvia em 1910, ela perdeu o pai, um médico, quando tinha apenas 7 anos de idade. Dele ela herdou valores como a coragem, altruísmo e o profundo respeito pela vida humana. Generosa, justa e discreta, lutou contra as injustiças e a discriminação a que os judeus eram submetidos no regime nazista. Por causa de suas idéias, ela foi expulsa da Universidade de Varsóvia por três anos, conseguindo então terminar seus estudos mais tarde. 

Em 1939, trabalhou em refeitórios comunitários, ajudando os idosos, os órfãos e os pobres, fornecendo-lhes comida, dinheiro e roupas. Em 1942 ela se juntou ao Conselho para ajudar os judeus como uma reação à criação do gueto de Varsóvia. Graças a ela, muitas famílias tiveram a oportunidade de tirar seus filhos do gueto, sobrevivendo ao genocídio. Para permitir a fuga dos pequenos, Irena utilizou qualquer meio ou ideia, desde transportar as crianças até ambulâncias como pacientes com febre tifóide até escondê-las em sacos de lixo.

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Mariusz Kubik/Wikimedia

Mariusz Kubik/Wikimedia

Para garantir que as crianças que foram salvas um dia pudessem rastrear suas famílias, ela criou um arquivo com todos os seus dados, escondendo esses documentos em potes que ela enterrou no jardim. Seu trabalho humanitário acabou atraindo a atenção dos nazistas, então em 1943 ela foi presa pela Gestapo. Ela foi torturada, mas nunca revelou nada sobre a identidade das crianças ou das pessoas que a ajudaram.

Ela escapou da sentença de morte graças a um soldado nazista que a ajudou a escapar da prisão. Seu nome foi adicionado à lista de pessoas executadas, então ela continuou seu trabalho com outro nome. No final do conflito, Irena entregou os arquivos às autoridades, mas infelizmente grande parte das famílias das crianças tinha morrido nos campos de extermínio.

Após décadas de anonimato, Irena Sedler recebeu a Ordem da Águia Branca, a mais alta honra polonesa de mérito. Em 2007 ela foi nomeada para o Prêmio Nobel da Paz. Ela morreu em 12 de maio de 2008 com 98 anos de idade.

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