A história entre um "intocável" indiano e uma aristocrata sueca nos mostra todo o poder do amor
Todos os filmes de amor, por quanto possam ser originais, tem em comum um tema que traz fortes emoções no público: as coincidências fora do normal, a paixão que leva a fazer qualquer coisa para ficar com a pessoa amada. Tudo isso faz parte do mundo cinematográfico, mas a gente se engana se pensa que coisas assim não acontecem na vida real. A história entre Pradyumna Kumar Mahanandia e Charlotte Von Schedvin é um ótimo exemplo.
A história de amor entre os dois começa bem antes do primeiro encontro.
Quando Pradyumna nasceu a sua família foi até um astrólogo que, como diz a tradição, deve prever o futuro da criança: naquela ocasião, o astrólogo previu que ele iria casar com uma mulher branca, aristocrata, proveniente de um país muito distante, capaz de tocar flauta, proprietária de uma floresta e do signo de touro.
Por muito tempo, Prayumna pensou na previsão mas, durante muitos anos, nada aconteceu que o fizesse conhecer uma mulher assim, e ele começou a desconfiar da previsão do astrólogo.
A família de Pradyumna pertencia à última casta social, aquela mais desprezada e oprimida, por isso, a vida dele não foi fácil: "quando eu passava perto de um templo, as pessoas me jogavam pedras", lembra. Ele vivia dos retratos que pintava para os turistas e foi assim que conheceu uma jovem sueca chamada Charlotte Von Schedvin.
Foi então que ele lembrou da previsão: começou a falar com ela e perguntar o seu signo, se sabia tocar flauta e o que a família dela fazia. Incrivelmente ela respondeu que era de touro, que tocava flauta e piano e que sua família tinha terras.
Pradyumna não conseguiu se conter e disse: "Você está destinada a ser minha mulher!"
O jovem contou a ela toda a história e a mulher não conseguiu acreditar no que estava ouvindo: os dois começaram a sair juntos e descobriram que tinham sido feitos um para o outro.
Depois de pouco tempo os dois se casaram no vilarejo onde Pradyunma tinha nascido.
A belíssima história de amor acabou quando Charlotte teve que voltar para a Suécia.
Os dois se separaram, jurando amor eterno e de unir-se novamente de alguma forma: passaram 16 meses longe, escreviam cartas um para o outro, mas a distância era difícil de suportar.
Foi então que Pradyumna resolveu ir para a Suécia. Vendeu tudo aquilo que tinha, mas mesmo assim não conseguiu comprar a passagem aérea. Assim, ele se despediu da família, subiu em uma bicicleta e foi atrás da sua amada.
A viagem começou em 22 de janeiro de 1977: Pradyumna havia 5 meses de pedalada e cerca de 9000 km pela frente.
"Eu estava muito cansado, as minhas pernas doíam, mas o desejo de rever Charlotte era mais forte. Os retratos me salvaram, as pessoas me pagavam ou me ofereciam um lugar para dormir e algo para comer."
Na época que Pradyumna fez esta viagem, muitos países não pediam documentos nas fronteiras. Hoje seria algo impossível de fazer.
Quando ele chegou na Suécia, as dificuldades ainda não tinham acabado: as autoridades não acreditaram na sua história.
No fim eles contataram Charlotte e ela foi reabraçar o seu amor e confirmar que tudo era verdade.
Finalmente o casal voltou a ficar junto: "Se você quer uma coisa, tudo é possíve. Hoje em dia, uma viagem assim seria mais difícil, mas nunca impossível. O medo e as dúvidas são os nossos principais inimigos. São eles que complicam as nossas vidas", afirma Pradyumna.
Pradyumna e Charlotte se reabraçaram em 28 de maio de 1977, dois anos depois da separação na Índia.
"Não dissemos uma palavra, apenas nos reabraçamos e choramos", relembra Charlotte.
Foi então que nem as regras da nobreza sueca as quais Charlotte era ligada e que impediam o casamento com alguém de pele escura, conseguiram separar os dois: eles casaram novamente, desta vez na Suécia.
A história de amor dos dois completou 40 anos.
Pradyumna reflete, duvidando que hoje ele conseguiria fazer a mesma coisa, tendo Internet à disposição, que deixa as pessoas em contato mesmo estando muito longe. Ele diz ainda que "o destino é algo que está nas mãos de cada um de nós", mostrando o poder que temos de mudar as nossas próprias vidas.
Você imaginaria que uma história assim pudesse ter acontecido na vida real e não em um filme?